sábado, 4 de junho de 2022

Dourado, o peixe dos sonhos do pescador

Sem dúvida, o dourado é um dos peixes mais cobiçados pelos pescadores amadores e esportivos. Na língua tupi-guarani é chamado de pirayu, que deu nome a minha querida cidade de Piraju-SP, devido aos enormes cardumes que existiam nas corredeiras do rio Paranapanema. O dourado talvez seja o peixe que mais sofreu com a construção das usinas ao longo do curso do Panema, onde teve suas populações drasticamente reduzidas, e até mesmo sendo extinto de algumas regiões como no médio Paranapanema. Restando cardumes nos últimos 7 km de belas corredeiras que estão localizadas no alto paranapanema, em Piraju. 

São peixes de topo de cadeia, e sua presença garante o equilíbrio da ictiofauna local. O dourado ataca tudo que se mova perto dele, até mesmo rãs, cobras, filhotes de aves e até aves adultas, como já foi filmado, no rio Paraná, norte da Argentina, um dourado tentando capturar um martim pescador em pleno vôo. Mas são os peixes, é claro, seu alimento preferido. Vive no meio das piraputangas no pantanal, ou subindo o rio atrás dos cardumes de piaparas, piauçus e curimbas, os peixes forrageiros. 

É um peixe imponente, chamado de "tigre do rio" na Argentina, que hoje é o local onde pode ser encontrado com mais facilidade, no rio Paraná, devido à medidas de preservação muito eficazes. 

O dourado quando fisgado, trás um desafio enorme ao pescador, que é o de mantê-lo no anzol, pois escapa com muita facilidade, devido à estrutura óssea de sua boca, que é muito difícil de ser perfurada. 

Iscas: são muitas as espécies que podem ser usadas como iscas para o dourado, como a tuvira, a traíra, o bagre e a tilápia, que são minhas preferidas, mas outras boas iscas são o piau, a piapara, a pirambóia, o curimbinha, o Jeju e o mandi. 

O material que uso para pescar o dourado com isca natural no Rio paranapanema é composto por carretilha perfil alto ou molinete grande que comporte pelo menos 100 metros de linha 0,50mm de monofilamento.

Varas de ação rápida, entre 1,90m até 3 metros.

Anzol 8/0 Mustad ou Maruseigo 30.

Encastoado de 40 libras com no mínimo 30cm de comprimento. Se a isca for grande, uso encastoado duplo.

Na isca natural tem que deixar ele levar, ele vai morder a isca repetidas vezes numa corrida forte, dê linha pra ele e depois fisgue de maneira firme, em seguida você vai ver um dos mais belos espetáculos da natureza, que são os saltos do rei do rio. Como numa dança, ou jogo, ele faz de tudo para se desprender do anzol, saltando repetidas vezes levando o pescador ao máximo de adrenalina. Jamais bambeie a linha.

O dourado costuma frequentar o canal onde a água corre mais rápida, e o local de transição entre o fundo e a parte mais rasa, sempre atrás de algum obstáculo como travessão de pedras, onde espreita os peixes forrageiros. Use a corredeira para levar a isca até o ponto onde o peixe está, para isso o arremesso tem que ser reto ou um pouco pra cima, soltando linha até o ponto certo. O uso de um chumbo é indispensável nesse caso, não pode ser nem muito leve que não afunde, é nem muito pesado que acabe enroscando, a isca tem que raspar no fundo de pedras. Se tiver um dourado ali, ele não vai resistir e vai atacar.

O começo da manhã e o final da tarde são os melhores horários para sua captura, e a noite é até melhor, pois ficam muito ativos.

Curiosidade: em algumas regiões da bacia do prata, os indígenas não matavam o dourado, pois ele era um aliado dos povos nativos quando estes ficavam nas margens dos rios tentando acertar os curimbas munidos com suas flechas. Em rios de pequeno porte, os cardumes de dourados, ao avançar sobre os cardumes de curimbas, faziam com que eles ficassem encurralados nas margens, facilitando as flechadas dos índios. 

Abaixo alguns dourados fisgados no rio Paranapanema e no rio Miranda em Mato Grosso do Sul. 


 









Sempre que possível, pratique o pesque e solte. Forte abraço a todos e boas pescarias.